Um breve testemunho do meu irmão “decano” Padre Angelo La Salandra.
Eis alguns traços deste homem de Deus e do povo pobre.
Eis alguns traços deste homem de Deus e do povo pobre.
O padre Angelo La Salandra me acompanhou
nos primeiros passos da minha vida sacerdotal e missionária.
“Eu chamava-o, com carinho, o nosso
“decano”, pois ele era o mais idoso dos missionários combonianos, originários
da pequena cidade de Troia (FG – Puglia – Italia) e eu o mais novo. Me dizia
que as raízes da nossa gente eram boas e todos os filhos e filhas desta terra
deviam seguir os passos dos antepassados e ficar firmes na caminhada e na
vocação: ninguém tinha desistido, me dizia -- e precisavam ficar firmes até o
fim da vida. Ele me dava lição de vida e de firmeza no compromisso assumido,
sem receio e com muita humildade.
Sempre atento e pronto a
encorajar-me na caminhada. Toda vez que celebrava, ele me escutava e no final
da Missa me dava conselhos e me dizia que era muito importante pregar e
testemunhar a Palavra de Deus, com clareza e com uma linguagem simples para que
o povo pudesse bem entender.
No Brasil onde tive a oportunidade
de ficar junto com ele na mesma comunidade da casa provincial, em São Paulo,
ele sempre me deu aquele testemunho de fidelidade à oração: encontrava-o de
frequente na pequena capela da nossa casa, em profunda oração.
De noite ele saía e dava voltas no bairro para
encontrar os vigias, que eram muitos naquela região da avenida Francisco
Morato, a causa da insegurança. Levava a Palavra de Deus, mas sobretudo
escutava e para todos havia uma palavra de conforto e de conselho. Levava
também comida e roupas para os que precisavam disso. Depois da janta ele saía
com a Bíblia e a sacolinha dos alimentos.
Para problemas de saúde devia seguir
um regime muito rígido e ele nunca se queixava disso; nunca vi ele exagerar com
a comida e bebida: muito sóbrio e muito atento à partilha e às necessidades dos
confrades.
Uma ternura e uma atenção particular
ele me manifestou, quando voltei da República do Congo e precisava de
tratamento médico. Ele veio me buscar no aeroporto de São Paulo e me deu o
abraço fraterno; isso me surpreendeu, pois ele, de costume, era reservado e
alheio à manifestação demasiado afetivas;
vi que era preocupado com a minha saúde. Ficou perto e me visitou todos
os dias durante a minha estadia no hospital.
Volta e meia eu falava no dialeto da
nossa região: ele sorria, esboçava umas palavras, mas depois prosseguia na língua
brasileira.
No meu quarto, até hoje, fica o
retrato dele junto aos outros missionários, como o padre Sartori, padre
Bizzarro e outros, que me ensinaram com a vida e o testemunho o caminho da missão
e do compromisso com Deus pelos pobres. Pela manhã quando acordo ele é o
primeiro a me olhar e me parece ainda de escutar a voz dele que me chama para a
missão de cada dia.
Fernando
Zolli
Missionário
Comboniano.
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