quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Depoimento de Odilon Botelho Júnior

Odilon Botelho Júnior
(Ex-aluno de Pe. Ângelo no Colégio São Pio X, em Balsas-MA e coordenador dos encontros de ex-alunos e amigos de Pe. Ângelo em Brasília-DF.)
“Pe. Ângelo La Salandra foi um desses homens de natureza singular. Deixou sua pátria para doar-se ao mundo, mais especialmente ao Brasil. Educador, em Balsas, fazia de tudo pelos seus alunos e pelo São Pio X que, com todo empenho, o elevou à melhor instituição de ensino na região, conjugando trabalho e disciplina. A Ética era ensinada na prática para as arestas da intemperança dos adolescentes. Usava sempre provérbios para ilustrar. Transcrevo alguns que proferia com freqüência: “Uma pedra lançada ao mar eleva o nível de todo o oceano”. Nesse sentido, ele jogou muitas pedras ao mar, de modo que o oceano de bondade, da fraternidade e do amor elevou-se substancialmente.
“Na minha vida quero trabalhar bem e muito, de modo que, quando eu morrer, quero deixar o mundo melhor do que quando nasci.” Essa foi a tônica de toda a sua vida: trabalhar incessantemente a cada dia, a cada minuto, para deixar melhor o mundo.
Seu trabalho junto aos pobres, na periferia de São Paulo e de São José do Rio Preto era o de ajudar sempre a população excluída e marginalizada, como os presos, desempregados e prostitutas.
Em Brasília, como em São Paulo, promoveu encontros de ex-alunos e maranhenses em geral, que realizava com muita alegria e empenho, como um pastor a conferir suas ovelhas.
Teria muito a falar de Pe. Ângelo, mas o espaço é restrito. Não posso deixar de mencionar, porém as suas cartas-circulares que enviava a todos os amigos. Na última escreveu: “A morte é a coisa mais certa que acontece em nossa vida terrena. Por que não sabemos a hora de sua chegada? Para que cada um de nós esteja vigilante, sempre pronto para dar conta a Deus de nossa vida e receber o prêmio eterno”.
Com certeza, Pe. Ângelo já recebeu esse prêmio por intercessão de Maria Santíssima, a quem prestava tanta devoção.
É o meu testemunho, como amigo e discípulo, nessa hora inevitável da partida.
Dezembro de 2001.

 In Maria do Socorro Coelho Cabral. Op cit, pp. 92-93.
Odilon Botelho Júnior nos enviou este 2.o testemunho em 2007, por ocasião dos nossos encontros do projeto “Resgate da Memória de Pe. Ângelo”:
Pe. Ângelo de La Salandra
“Veio para o Brasil, passando por Portugal [...]. No Brasil, pela primeira  vez, trabalhou em Balsas, onde deixou marcas do seu empenho e dedicação.
Voltando ao Brasil, trabalhou entre os índios, no Maranhão. Foi a seguir para São Paulo, onde trabalhava com os excluídos, miseráveis de periferias e das ruas.
Era devoto de Nossa Senhora de Guadalupe, a dos índios das Américas.
Foi exatamente com o dinheiro da partilha dos bens deixados por sua mãe que construiu a gruta do São Pio X. Era severo ao dirigir-se aos alunos mais afoitos, “tua mãe é boa, teu pai é bom... tu, macaco!!!”
Prestava visitas pessoais, e à distância, orando pelos alunos e a outras pessoas que se encontravam doentes. Eu mesmo fui contemplado por suas preces presentes por duas vezes: em Balsas e em S. Paulo.
Professor de Religião e Moral e Cívica, mostra-se ortodoxo. Já em História, demonstrava grande ênfase greco-latina e sua cultura.
A disciplina e perseverança eram seu grande cajado. Através delas, ele fazia calar uma multidão de alunos reunidos a seus pés todos os dias para ouvir seus comentários e preces, sem barulho ou gracejos.
Morreu longe de tudo e  todos que, respectivamente, construiu e o admiravam.
Em determinadas épocas, principalmente no Natal e Páscoa, enviava carta-circulares para seus ex-alunos e amigos.
Em Balsas, nos fins de semana, pegava sua velha bicicleta e ia pregar a palavra de Jesus àqueles que tinham fome e sede de comida e fé.
Convidou-me para organizar vários eventos, reunindo ex-alunos e outras pessoas residentes em Brasília, não sei se por me reconhecer como um líder ou para me trazer de volta ao Rebanho.
Doente, foi a S. Paulo. Pretendia ser enterrado, todavia, em Balsas quando da sua morte. Terra onde realizou um grande trabalho reconhecido por todos e onde se sentia realizado, em casa.
Por estas e muitas outras histórias poderíamos fazer uma corrente de fé pedindo aos órgãos competentes da Igreja a beatificação de Pe. Ângelo La Salandra.
Brasília, 5 de agosto de 2007.”

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