Professor João Tavares
(Ex-aluno de Pe. Ângelo no Seminário de Viseu, Portugal. Enviou-nos o seu testemunho em agosto/2008.)
1. Conheci o Pe. Ângelo em Viseu. Ele foi meu primeiro Diretor Espiritual. Além disso ele era ecónomo do Seminário, isto é, tinha a seu cargo não deixar faltar comida para mais de cem seminaristas na voracidade da adolescência e também tinha de arranjar madeira, telha, tijolo, pedra e cimento para levar a cabo a construção do Seminário das Missões. Mais ainda ele assumiu também, com Pe. Carlesi, futuro Bispo de Balsas, o recrutamento vocacional, indo na velha e única moto Guzzi, pelas paróquias incentivar a vocação missionária, nas escolas e nas igrejas. Foi assim que eu, sabendo que um meu primo ia para o Seminário das Missões, chamado pelo Pe. Ângelo que o recrutou na Escola de Carvalhais, de onde eu já tinha saído havia um ano, me apresentei ao Reitor do Seminário (mediante carta de meu pai), me oferecendo para fazer o período probatório, em Agosto de 1952.
2. Pe. Ângelo, além de muito piedoso e grande devoto de Maria, sempre foi um padre muito entusiasmado... diria até agitado, para não dizer vulcânico.
3. Foi amigo de Salazar o que, no fim da ditadura, foi muito importante para os combonianos em Portugal, quando eles, por suas atitudes claras e firmes, em Portugal e Moçambique, veio a ser de muita utilidade. Quando Paulo VI foi à Índia, a revista missionária comboniana ALÉM-MAR fez um bom trabalho jornalístico e os combonianos foram perseguidos por isso, pois Portugal estava de relações cortadas com a Índia devido à anexação de Goa, Damão e Diu pelo Pandita Nheru, na década de 50.
4. O Pe. Ângelo veio para Balsas por volta de 1960, onde ficou até por volta de 1978. Foi Superior Provincial dos Combonianos e renomado Diretor, por longos anos, do Seminário e do Colégio Pio X, um dos melhores do Maranhão, senão o melhor. Ali se formaram gerações de estudantes hoje espalhadas pelo Brasil inteiro e que, tenho a certeza, guardam dentro de si, um grande carinho e admiração pelo seu grande Educador. Sei que também era respeitadíssimo pelos órgãos governamentais em S. Luís, onde, com seu jeito forte e cativante, conseguia o muito que precisava para o Colégio Pio X. O Governador João Castelo, nas duas vezes que conversámos, falou-me muito bem do Pe. Ângelo como educador e acrescentava, rindo, que mandou muito dinheiro para o Colégio Pio X. Com o Pe. Ângelo, ninguém podia: era um excelente argumentador e era difícil lhe resistir. Porque, sobretudo, além de Lógica, tinha trabalho e qualidade para mostrar... Certa vez vi as apostilas de Filosofia que ele dava para os alunos e fiquei impressionado pela qualidade e profundidade do conteúdo.
5. Eu cheguei a Balsas em 1967, quando o Pe. Ângelo acumulava as funções de Superior Provincial dos Combonianos, Reitor do Seminário e Diretor do Colégio S. Pio X. Ele, sem me consultar, já tinha destinado para mim: ficar com ele no Seminário como Vice-Reitor e ser professor de Português, Grego e Francês. Declinei da honrosa proposta e pedi para, antes de ser formador de seminaristas em Balsas, ir conhecer o Povo Brasileiro, na pastoral direta nas imensas paróquias do sertão sul-maranhense. Com um argumento muito simples: como poderia eu, acabado de me formar e de chegar da Europa, ser formador de padres para o Brasil, sem conhecer nada do Brasil?
(Ex-aluno de Pe. Ângelo no Seminário de Viseu, Portugal. Enviou-nos o seu testemunho em agosto/2008.)
1. Conheci o Pe. Ângelo em Viseu. Ele foi meu primeiro Diretor Espiritual. Além disso ele era ecónomo do Seminário, isto é, tinha a seu cargo não deixar faltar comida para mais de cem seminaristas na voracidade da adolescência e também tinha de arranjar madeira, telha, tijolo, pedra e cimento para levar a cabo a construção do Seminário das Missões. Mais ainda ele assumiu também, com Pe. Carlesi, futuro Bispo de Balsas, o recrutamento vocacional, indo na velha e única moto Guzzi, pelas paróquias incentivar a vocação missionária, nas escolas e nas igrejas. Foi assim que eu, sabendo que um meu primo ia para o Seminário das Missões, chamado pelo Pe. Ângelo que o recrutou na Escola de Carvalhais, de onde eu já tinha saído havia um ano, me apresentei ao Reitor do Seminário (mediante carta de meu pai), me oferecendo para fazer o período probatório, em Agosto de 1952.
2. Pe. Ângelo, além de muito piedoso e grande devoto de Maria, sempre foi um padre muito entusiasmado... diria até agitado, para não dizer vulcânico.
3. Foi amigo de Salazar o que, no fim da ditadura, foi muito importante para os combonianos em Portugal, quando eles, por suas atitudes claras e firmes, em Portugal e Moçambique, veio a ser de muita utilidade. Quando Paulo VI foi à Índia, a revista missionária comboniana ALÉM-MAR fez um bom trabalho jornalístico e os combonianos foram perseguidos por isso, pois Portugal estava de relações cortadas com a Índia devido à anexação de Goa, Damão e Diu pelo Pandita Nheru, na década de 50.
4. O Pe. Ângelo veio para Balsas por volta de 1960, onde ficou até por volta de 1978. Foi Superior Provincial dos Combonianos e renomado Diretor, por longos anos, do Seminário e do Colégio Pio X, um dos melhores do Maranhão, senão o melhor. Ali se formaram gerações de estudantes hoje espalhadas pelo Brasil inteiro e que, tenho a certeza, guardam dentro de si, um grande carinho e admiração pelo seu grande Educador. Sei que também era respeitadíssimo pelos órgãos governamentais em S. Luís, onde, com seu jeito forte e cativante, conseguia o muito que precisava para o Colégio Pio X. O Governador João Castelo, nas duas vezes que conversámos, falou-me muito bem do Pe. Ângelo como educador e acrescentava, rindo, que mandou muito dinheiro para o Colégio Pio X. Com o Pe. Ângelo, ninguém podia: era um excelente argumentador e era difícil lhe resistir. Porque, sobretudo, além de Lógica, tinha trabalho e qualidade para mostrar... Certa vez vi as apostilas de Filosofia que ele dava para os alunos e fiquei impressionado pela qualidade e profundidade do conteúdo.
5. Eu cheguei a Balsas em 1967, quando o Pe. Ângelo acumulava as funções de Superior Provincial dos Combonianos, Reitor do Seminário e Diretor do Colégio S. Pio X. Ele, sem me consultar, já tinha destinado para mim: ficar com ele no Seminário como Vice-Reitor e ser professor de Português, Grego e Francês. Declinei da honrosa proposta e pedi para, antes de ser formador de seminaristas em Balsas, ir conhecer o Povo Brasileiro, na pastoral direta nas imensas paróquias do sertão sul-maranhense. Com um argumento muito simples: como poderia eu, acabado de me formar e de chegar da Europa, ser formador de padres para o Brasil, sem conhecer nada do Brasil?
6. Eu era recém-ordenado e tinha passado 15 anos no seminário e estava mesmo precisando por as mãos na massa da pastoral direta, de contato imediato com o povo. Pe Ângelo, homem de princípios sólidos e simples, de pão-pão, queijo-queijo, não entendeu bem esse meu pedido que contrariava todos seus projetos de ter um professor português ensinando Português no seu seminário e colégio (já tinha espalhado a notícia em Balsas e em S. Luís...), mas se esforçou para entender e não atrapalhar. Mas sei que não foi fácil, pois era um carácter forte e decidido. E habituado a mandar e a obedecer sem discussão. A relação dele com os mais novos, ordenados após o Concílio Vaticano II, não foi fácil, devido à profunda mudança na mentalidade, inclusive sobre vida religiosa e a pastoral, mas houve um bom esforço recíproco de respeito, mesmo nas naturais e legítimas diferenças.
Passou os últimos 20 anos da vida dele na região de S. Paulo. Desse período, eu não tenho notícias dele.
Em breves palavras, foi o que lembrei, agora, sobre o Pe. Ângelo de Lassalandra (adotou este sobrenome quando se naturalizou português!)
Meus colegas padres combonianos, alunos em Viseu na década de 50, também poderiam ser convidados a dar seu parecer. Se for preciso, posso dar o e-mail de alguns deles. E alguns colegas do tempo de Pe. Ângelo em Balsas, também.
Passou os últimos 20 anos da vida dele na região de S. Paulo. Desse período, eu não tenho notícias dele.
Em breves palavras, foi o que lembrei, agora, sobre o Pe. Ângelo de Lassalandra (adotou este sobrenome quando se naturalizou português!)
Meus colegas padres combonianos, alunos em Viseu na década de 50, também poderiam ser convidados a dar seu parecer. Se for preciso, posso dar o e-mail de alguns deles. E alguns colegas do tempo de Pe. Ângelo em Balsas, também.
Agosto de 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário